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domingo, 16 de maio de 2010

Teoria da Existência como Percepção

Teoria da Existência como Percepção
por Denis Peter Barreto Tonon


Eu nasci o meu pai e nasci o meu filho.
Eu nasci o meu amigo e nasci o meu inimigo.
-Den Peter-

Todas as frases usadas para estimular o altruísmo são de alguma forma uma hipocrisia, pois todos vivemos para tornar a nossa própria vida melhor, e isso inclui melhorar também a vida dos que nos rodeiam. Essa hipocrisia latente foi necessária até agora.


INTRODUÇÃO

O PRESENTE. O momento. A única coisa que pode ser afirmada e percebida com certeza. “Penso, logo existo”. O passado é a recordação e o futuro é a imaginação, ambos pensamentos que ocorrem no momento unicamente presente.
Tudo que o indivíduo tem é a sua existência, e a única maneira de provar é estando vivo, e para provar que está vivo ele sente. O sentimento é o presente, ponto único onde se encontram a recordação e a imaginação.

Partindo desse princípio, supõe-se que todos, vivos, mortos ou ainda imperceptíveis (ou que ainda não nasceram) vivem unicamente no presente.

Pedro Álvares Cabral vive no presente, pois é tudo o que ele tem, assim como é tudo o que eu e os meus tataranetos temos. Ninguém precisa esperar para nascer, só os que nunca existirão, e isso não é possível.

Como posso afirmar se tem outra pessoa sentindo ao mesmo tempo que eu? Se você me responder “Eu posso provar, eu estou sentindo”, você passa a ser um “eu”. Portanto, só existe “eu” por toda parte. Como pode cada um ser o centro do mundo? Não existe “eus”, mas sim vários tempos paralelos, ou uma linha de tempo que dobrada e sobreposta multiplica também cada “eu” a que a ela pertence, correlacionando-os. Importante ressaltar que é uma linha infinita essa do tempo, portanto nenhum desses “eus” ou percepções é igual, um está sempre a frente (ou com uma percepção diferente) do outro, mas se encontram pelas inúmeras dobras e sobreposições dessa linha.

O “eu” a que me refiro não é necessariamente a minha pessoa, mas quem quer que esteja lendo essa teoria e aplique a si mesmo.


A TEORIA

AS PESSOAS, todas que existiram, existem e existirão na verdade são uma pessoa só. Esperar pela morte é como esperar pelo fim do infinito. Todas as retas, mesmo as paralelas, se encontram no infinito e uma reta é uma circunferência de raio infinito. Quando uma pessoa morre, ela passa a nascer outra, que está no tempo presente ou não.
O presente é como a ponta de uma agulha infinitamente afiada deslizando sobre um plano muito liso e duro. O tempo não existe.
Toda crença tem seu fundamento, a verdade sempre esteve presente em tudo e em todos. Para ser um Deus é necessário conhecer tudo, sendo todos. Seria essa uma forma realmente estimulante para se desenvolver o altruísmo de cada um, sabendo que dessa maneira estaríamos fazendo o bem para nós mesmos.
Como seria “eu” capaz de deixar um mendigo morrendo na rua, sabendo que ele sou eu em algum lugar da linha do tempo? Como seria “eu” capaz de ofender alguém, então?
Não é o caso de sentir-se solitário mediante a isso, em nada mudaria, não pra pior. Pelo contrário, se todos se adaptassem à teoria, haveria então um estímulo para conhecer pessoas a sua volta, ou mais distantes, seja como for, em qualquer parte do mundo se tivessem tanta estima pelo próximo quanto têm pelo espelho.

Talvez a pena para o suicídio seja nascer depois como o parente mais próximo e querido de quem se matou.

É IMPOSSÍVEL ser duas pessoas, qualquer um é uma pessoa só, pensa e existe como um centro do mundo. Há uma dobra no “tempo” (a argola, que será mencionada adiante) que permite a essa pessoa se relacionar com ela mesma e evoluir com novas formas e aprendizados dela mesma e

com os resultados dessas relações. O infinito é o finito com diversas perspectivas e combinações.
O tempo é como uma argola dividida em dois arcos iguais, porém juntos (fig. 1). Suponhamos que a reta de divisão seja a pessoa (a). E os pontos de contato com a argola, que são dois, sejam duas de suas existências ou percepções. Se essa argola girasse sobre o próprio eixo e a olhássemos de perfil, o “tempo” permitiria que essas duas existências ou percepções se encontrassem, correlacionassem (fig. 2). Se transformássemos essa argola em um globo e passássemos por ele infinitos planos (cada um dividindo-o em hemisférios, que ao invés de argolas, seriam discos preenchidos por incontáveis pontos e retas) em todas as direções, que por vezes se tornariam retas quando vistos de perfil pela variação de posição ao girar, e considerássemos todos os pontos de contato, teríamos uma idéia de quantas percepções ou existências podem existir em cada uma das infinitas dimensões, ou planos, correlacionando-se pela dobra no “tempo” (argola de perfil) representada por outra reta (b), a dobra e transposição da linha do tempo, que correlaciona as percepções.








Fig. 1 – Argola no seu movimento, indivíduo (reta a)
e percepções (pontos de encontro da “reta a” e a argola).





Fig. 2 – Argola de perfil, ou seja, a dobra e sobreposição
da linha do tempo e encontro das percepções do indivíduo.


NADA aqui supramencionado põe em questão alguma doutrina religiosa, o que é mais incrível é que, ao contrário, torna-se a peça que faltava para o entendimento das verdades latentes desde o princípio. Ao estudar a bíblia, exemplificando, pelo ponto de vista da Teoria da Existência, podemos perceber que não há contradição alguma com a teoria, apenas entendimento.

Em síntese, a Teoria da Existência como Percepção soluciona três questões até agora sem resposta:
1. Qual o sentido da vida? É passarmos* por tudo sendo todos, conhecendo o inferno e o paraíso a fim de nos tornarmos um deus;
2. Como é a vida após a morte? A morte não existe, só a vida;
3. Como estimular o altruísmo natural entre as pessoas, ou seja, como alcançar a paz na Terra? Sabendo que se fizermos o bem pra outra pessoa, estaremos imediatamente nos fazendo esse bem por sermos a mesma.

Por enquanto cito algumas verdades latentes desde o princípio, como frases bíblicas ou provérbios. Tente analisá-los pela Teoria da Existência:
- Amai ao próximo como a ti mesmo;
- É dando que se recebe;
- Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
- Aqui se faz, aqui se paga.


* o plural pode ser substituído pelo singular.


Texto: Denis Peter Barreto Tonon
25/26 de março de 2002

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